Tratado Vícios e Virtudes – Vícios opostos às Virtudes de Humildade – Susceptibilidade

Vícios opostos às Virtudes de Humildade

5.Susceptibilidade

A susceptibilidade é flha da soberba e da delicadeza. Satanás a introduz mui sutilmente nas almas para, mais tarde, por seu intermédio, levá-las a outros vícios.

A susceptibilidade é a rainha do amor-próprio. A imaginacão tem como missão alimentá-la, agravá-la e dar-lhe mil formas em seu crescimento.

Este vício detestável reina nas almas sensuais onde faz enormes estragos.

Toda alma soberba é susceptível: não se pode mexer com ela sem que faça um escândalo. Por mais delicadamente que se toquem as fibras dessa alma, logo ressoam num rugido retumbante, abalando tudo ao seu redor. São almas em que ressoa um sensibilíssimo amor-próprio que repercute a grande distância e por muito tempo.

O orgulho mais refinado é terreno propício para a susceptibilidade, uma dor interior que acomete a alma ao simples imaginar-se esquecida e depreciada.

Sua causa principal são as preferências: a imaginação fere, com o agudo punhal do amor-próprio e do desprezo ou esquecimento alheio, essa alma desgraçada, que pula como possessa, deixando-se arrebatar, interior e exteriormente, pelas avassaladoras paixões da cólera, da ira, da vinganca, do ódio e do rancor.

De todas essas feras indômitas, derivam milhares de pecados, com que se ofende diariamente Meu Coração, que é todo humildade e mansidão.

A susceptibilidade é uma faísca que, de repente, acende o coração com o fogo de mil paixões criminosas.

Quantos pecados se cometem por esse maldito vício da susceptibilidade, quando menos no foro íntimo do coração. Trata-se de um vício ou paixão que irrita a alma.

Queima-a, fazendo-a gritar, murmurar, revolver-se. De maneira vergonhosa e malévola, também machuca o próximo, de quem se sente ferida, mesmo sem o outro ter culpa.

As almas susceptíveis não conseguem viver tranquilas. Sentem-se, constante e mortalmente, feridas. Levam uma existência cheia de tempestades sombrias e dolorosas penas. É tão grande seu amor-próprio, que, ao menor sinal do mais insignificante desprezo, magoam: nos olhares, nas palavras, nos sorrisos e até no próprio silêncio, encontram motivo para sentir-se ofendidas.

São falsos cristais que trincam até com o reflexo da própria luz. Parecem de açúcar, pois se derretem e desfazem ao menor contato com uma gota d’água.

Enfim, são a soberba personificada, aquilatada, que torna as almas intratáveis e os corações desgraçados e podres.

Deveras triste e infeliz é a vida de uma alma susceptível! A indolência, a comodidade, a preguiça e a sensualidade agigantam a susceptibilidade e a sensualidade nas almas que têm uma secreta adoração de si mesmas, que as leva a ocuparem-se e pensarem apenas em si mesmas.

Muito longe estou Eu dessas almas que incensam constantemente a si mesmas. É tão sutil o vício da susceptibilidade que leva as almas a ficarem susceptíveis consigo mesmas. Não posso enviar-lhes a menor cruz, que murmuram, se queixam e chegam até a blasfemar contra Mim, ofendendo-Me.

Muitos pecados contra a fé agitam essas almas, que se consideram merecedoras da minha atenção. Infame Satanás, até onde chega a tua maldita soberba e astúcia!

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