Segunda Família de Virtudes
14.Delicadeza
A delicadeza é uma qualidade e uma bela e fina virtude. É filha da limpeza e do amor a Deus.
Tem seus obstáculos quer como qualidade quer como virtude. Como qualidade, seu obstáculo é o amor-próprio. Como virtude, seu obstáculo são os escrúpulos. Ambos têm consequências fatais.
1. Delicadeza espiritual
A delicadeza espiritual é semelhante a uma pureza da alma que faz com que a consciência lastime qualquer mínima falta ainda que não chegue a ser pecado.
É uma virtude muito útil e eficaz para manter limpa e pura a alma aos olhos de Deus.
A delicadeza espiritual tem consigo a luz divina para conhecer e detestar as faltas e é um dom especial do Espírito Santo concedido a almas prediletas.
Não pode manter nem sequer admitir sem pena a mais leve mancha na alma.
Que grande e que útil para o espírito é esta virtude angélica e bendita! Faz com que a alma sinta pena do pecado num grau extraordinário. A delicadeza espiritual perfeita, essa pena interior, esse medo de desagradar a Deus, transforma-se numa dor sobrenatural.
A alma não sofre apenas por ver-se manchada, mas também e sobretudo por ter ofendido a seu Deus e Senhor.
Essa pena machuca, e não descansa até experimentar uma plena e efetiva contrição.
A delicadeza é companheira da contrição, porque nasce na alma pura por meio do amor a Deus.
É uma graça peculiar do Espírito Santo.
A alma delicada não peca, e a alma que não peca se salva. Quando chega a falhar, logo se arrepende e se humilha, e chora seu pecado ou sua falta.
Certamente, nela não sobrepuja o amor-próprio por ver-se feia e manchada, mas o amor a Deus continua sendo seu Norte. Por isso, sofre e, por sua infidelidade, morre de pena ao considerar a bondade infinita de Deus.
Muitas graças e méritos são alcançados em favor da alma feliz que pratica essa virtude.
Seus inimigos são o mundo, a vaidade e os escrúpulos.
Seus únicos apoios, a humildade e a pureza.