SEGUNDA FAMÍLIA DE VIRTUDES
VIRTUDES DE HUMILDADE
10.Amabilidade
A amabilidade é filha da bondade. A verdadeira amabilidade tem como base a expiação. Com efeito, não é apenas uma qualidade espontânea que se encontra em almas amáveis e temperamentos pacíficos, mas é também uma virtude adquirida com sacrifício e domínio de si.
Esta virtude conquista e espraia-se por campos multifacetados, podendo ser encontrada em diferentes tipos de pessoas. Conservar, em toda ocasião, a amabilidade no rosto e no coração, sobrenaturaliza essa qualidade, elevando-a a virtude; alcança muitos méritos e atrai sobre si e sobre os outros as bênçãos do céu. Esta virtude é de muita importância no trato com as almas. Exerce uma missão de grandes e copiosíssimos triunfos junto ao próximo, para a glória de Deus.
Seus inimigos capitais são a cólera, a falsidade, a hipocrisia e o engano.
Sua defesa está na continência, na retidão, na simplicidade e na prudência.
11.Benignidade
A benignidade de uma alma pura é filha da santidade e fruto do Espírito Santo.
Esta virtude não se hospeda num coração soberbo, inquieto e inconstante.
Sua morada está na paz; seu apoio, na paciência. Seu campo está no trato com o próximo. Ali se derrama como perfume suave, fazendo um grande bem às almas. Dissipa sem ruído a ira, a soberba e outras paixões. Satanás a teme por causa da guerra secreta e das vitórias por ele sofridas.
Esta virtude celestial se funda numa profundíssima humildade.
Seus inimigos capitais são a debilidade, a imprudência, a hipocrisia e a soberba.
12.Doçura
A doçura é filha da paz. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Aqui não falo dos pacíficos por natureza, mas da doçura e da paz adquiridas na luta contínua e na prática de toda virtude. Falo daqueles que, havendo lutado contra suas paixões desordenadas e vícios, venceram, pela graça, a si mesmos e alcançaram a doçura e a paz, para eles e para quantos os rodeiam.
Esta doçura é a que faz os filhos de Deus e os herdeiros do céu.
Certamente, não é a doçura natural de um bom temperamento, nem a falsa doçura que encobre o coração hipócrita e da qual temos muitos exemplos no mundo, nos claustros e entre os que se dizem Meus. Bem distante de semelhante vício está a doçura que traz consigo a paz do Espírito Santo, essa paz bendita que se alcança, se conserva e cresce na constante expiação.
A doçura purifica os corações, torna-os semelhantes a seu Pai que está nos céus, transformando-os verdadeiramente em filhos de Deus.
A verdadeira doçura não está nas palavras melosas e amorosas. O mundo se engana com essa moeda falsa que circula mais do que parece à primeira vista.
Mais ainda: muitos dos que usam em profusão palavras melosas e amorosas, além de não ser de Deus, são do demônio, cheios de soberba disfarçada e traiçoeira. Muito mal, muito mais do que se crê, essa falsa doçura causa à vida espiritual.
A doçura reta e santa – repito – não é afetada nem rebuscada, mas singela, aberta, natural, amparada pela paz do Espírito Santo.
A alma que possui essa paz é doce sem sabê-lo nem procurar sê-lo. A santa e pacífica doçura sempre brota de um coração puro ou purificado. Há diferença entre puro e purificado. Há uma doçura própria dos corações puros, em que o próprio Deus colocou sua paz. E há também os corações, como são os corações de muitos santos, que têm lutado contra seus vícios e paixões e adquiriram a doçura e a paz como prêmio de seus combates interiores.
Esses dois tipos de doçura são Meus e não há de se confiar em outros tipos de doçura que não tenham essa marca de santidade.
A doçura é companheira do repouso e da serenidade, e nunca deles se separa. Seu apoio é a retidão. Sua vida e a expiação. Seu descanso, a pureza da consciência.
Seus inimigos capitais são a hipocrisia, a duplicidade e os juízos temerários.