Segunda Família de Virtudes
3.Modéstia
A modéstia é filha da pureza e da humildade. A verdadeira modéstia não consiste apenas num recolhimento exterior, mas tem sua morada especial no fundo da alma de quem a possui. A aparência externa brota do que há no interior da criatura.
A modéstia não é uma virtude somente das crianças ou dos tímidos ou dos de baixa condição. Tampouco é uma virtude fraca, mas valente e formosa, ainda que no oculto do seu recato.
É uma virtude que se esconde especialmente nos corações puros. É uma virtude altíssima, de almas grandes, mui valiosas para Mim.
Enquanto qualidade natural de alguns corações, é certamente apreciável, mas sem valor algum para o céu.
4.Modéstia espiritual
A modéstia sobrenatural é virtude que chega a seu último grau na perfeição da alma.A modéstia espiritual perfeita alça altos vôos, apesar de caminhar debaixo da mais profunda ocultação. Esta modéstia santa abriga-se nos corações desapegados do mundo e de si mesmos, que, além de desdenhar toda honra humana, renunciam totalmente a si mesmos. Nisto consiste a modéstia espiritual perfeita: não tão só na humildade exterior, mas sobretudo no que se esconde no íntimo do coração. Consiste na ocultação íntima de tudo o que possa atrair o menor elogio alheio, receando muito da própria vanglória.
(Naturalmente, isso não envolve a devida sinceridade e clareza que há de se ter com o diretor espiritual. Falaremos disso mais adiante.)
Quanto Me agrada aquela alma que deveras possui esta bendita virtude e que se esconde de todo olhar, de todo elogio, de tudo que pode enaltecê-la!
Esta virtude nascida da humildade, também é capaz de ir mais além, para um segundo grau de perfeição, e buscar o desprezo alheio, fazendo disso seu alimento preferido. É isso o segundo grau da modéstia espiritual perfeita: buscar no oculto o desprezo dos outros. Oh, formosa virtude, que diviniza a alma que a possui! Essas virtudes escondidas, perceptíveis apenas por Mim, não imaginais como Eu as premio.
A modéstia tem um perfume especial transcendente. Quanto mais se esconde, tanto mais aumenta seu aroma com que se regozija Meu Coração. A modéstia fingida ou pantomima da modéstia, que, geralmente, corre mundo, não tem perfume: a hipocrisia é a capa com que se cobre. O fundamento da verdadeira modéstia se encontra no desprezo de si; seu gozo, nas humilhações.
Sua fisionomia é a da sua mãe, a humildade. Vive feliz na escuridão e na ocultação. Seus inimigos, a espreitá-la furiosos, são a vanglória, a hipocrisia, a soberba e a dissipação.
Maria é o amparo desta virtude, Ela que é a modéstia por excelência, a arca divina que tem em si todas as virtudes, graças, dons e frutos do Espírito Santo.