Vícios opostos às Virtudes de Sacrifício
3.Delicadeza
A delicadeza é filha da moleza.
Não falo aqui daquela delicadeza pura e espiritual que busca a pureza da alma e lastima até a menor sujeira que a mancha. Pelo contrário, o vício da delicadeza consiste num refinamento polido de exagerada sensualidade.
Os pretextos e os mimos formam uma comitiva; até o ar que esta delicadeza funesta respira, é impregnado de perfumes suaves. Parece que até a luz lamenta essa debilitação satânica da delicadeza.
O amor-próprio, isto é, o excessivo cuidado consigo mesmo reina absoluto na delicadeza. As almas e os corpos abrigados no ninho dourado da delicadeza merecem o purgatório, e ainda se expõem por vezes ao inferno!
O mundo e até algumas comunidades religiosas estão cheios desse mal tão pernicioso. Essa delicadeza maldita é tão penetrante que se insinua suavissimamente em todo e qualquer lugar. Ai das almas que por ela se deixam seduzir! Desgraçadas!A delicadeza afastá-las-á da Minha Cruz e de Mim. E quem se afasta de Mim perde-se sem remédio. Abomino infinitamente esse laço de Satanás, pois somente Eu consigo medir os infindos prejuízos que a delicadeza causa nas almas.
A delicadeza não existe e não poderia existir na vida espiritual. Dito de outra forma, não pode haver vida espiritual onde há delicadeza. Uma é inimiga da outra, e jamais podem juntar-se. A delicadeza foge da Cruz, enquanto a vida espiritual abraça-a. A delicadeza detesta a dor em todas as suas manifestações. A vida espiritual encontra na dor sua maior felicidade.
A delicadeza se compraz com os mais requintados prazeres. A vida espiritual os repele e afasta-se deles. A delicadeza ama o descanso e a inação.
A vida espiritual arde e abraça o fogo vivo do amor divino, que nunca busca nem aceita descanso, porque seu descanso consiste em não descansar.
Existe uma absoluta contraposição entre a delicadeza indolente e a vida perfeita de amor e sacrifício.
O remédio contra a delicadeza consiste na transformação total da alma por meio da crucifixão própria.
Aqui, precisamos de todas as virtudes guerreiras para matar toda condescendência e debilidade da alma. Só com o vigor heróico e a força formidável dessas virtudes poder-se-á derrotar e destruir esse vício brando e oleoso que a tantas almas afunda na eterna perdição.
Que as almas abram os olhos e enxerguem, na delicadeza, o caminho direto para sua eterna ruína, e, na Cruz, a senda segura para a eterna salvação.
A dor vem destruir a delicadeza, removê-la de seu trono, desmascarar Satanás, alertar milhares de almas enganadas e adormecidas pelo licor embriagante da delicadeza.