Virtudes Perfeitas
Fé
A fé é uma virtude teologal: só Eu a concedo e sei medir sua beleza e apreciar seu valor. É uma luz modesta que arrasta o homem ate Deus por meio da humildade. Desenvolve-se na alma por meio da virtude da humildade e é indispensável para a salvação, A fé é a prova que Deus exige a orgulhosa inteligência humana, a qual, respondendo com fé, tem acesso ao céu. A fé é a pedra de tropeço da soberba, Rende, aos pés do Onipotente, o juízo do homem e torna meritórios seus atos. A fé é o farol luminoso que ilumina o obscuro caminho do espírito. A fé é o caos em que o soberbo se afunda. É uma rocha inquebrantável contra a qual despedaça-se o orgulho.
A fé é luz para os humildes, treva para os soberbos. É o preço do céu. Desata as mãos do Onipotente, Aplaca a justiça divina, Arranca graças do Eterno. Santifica e salva. Dá valor aos atos mais singelos e os leva, sobrenaturalizando-os, a Deus, A fé é mãe da confiança. É um laco de luz que une o céu à terra. É um laco de união que conecta a alma com Deus.
Sua missão é sobrenaturalizar os atos do homem, isto é, imprimir neles um caráter divino, transformando-os e embelezando-os. Os atos que são de barro, a fé os prateia; os atos que são de prata, a fé os doura; os atos que são de ouro, a fé os adorna de brilhantes; e os atos que têm brilhantes, a fé enriquece-os de tal maneira, que, se esses mesmos atos pudessem voltar, o homem não mais os reconheceria.
A fé é o fundamento da perfeição. É uma luz especial do céu com que a alma vê a Deus neste mundo. É um raio de luz que ilumina o rosto de Deus, tornando-o visível à alma. É a vida e a fortaleza do espírito. É o sol que o aquece e o ilumina, fazendo-o crescer em perfeição e santidade.
Deus ama tanto essa virtude, que a alma que a possui dispõe por assim dizer, da vontade de Deus, inclinando o próprio Deus a conceder o que a alma deseja. A fé é uma virtude à qual Deus não pode resistir e a quem dá o Seu poder. Falo aqui, porém, da fé de uma alma humilde.
A fé é um farol que ilumina com sua luz as obscuridades do espírito. Somente com essa luz, a alma avança firme em meio aos espinhos, no caminho da perfeição. Dessa maneira, a fé espiritual perfeita é indispensável e fundamental para uma alma entregue à vida interior. Consiste essa fé espiritual perfeita em transcender toda a criação, tudo o que é natural, fixando o olhar num só ponto, que é Deus, jamais separando-se d’Ele, em circunstância alguma da vida ou da morte.
Deus regala essa virtude às almas, e a fé tem tamanha forca, que o homem jamais pode arrancá-la do seu coração. Muitas almas a sujam, a ofuscam, a pisam, mas, lá no fundo, ela sobrevive sem jamais morrer, para tormento dos maus, aos quais ela sempre repete que há um Deus justo, cuja voz nunca podem calar, doce para os bons, terrível para os pecadores obstinados.
Se essa fé derrama, nas almas em geral, sua luz e influência divina, nas almas espirituais, afirma mais ainda sua luz e influência, e leva todo ato e movimento humano acima da terra, até o céu, onde a fé se sustenta, fazendo com que as almas espirituais adquiram grandes méritos.
Embora seja luz, a fé vive no oculto, à sombra do Altíssimo. Dentro da alma, só pode ser percebida nos obstáculos e nas riquezas do espírito. Muito raramente a fé se exterioriza. Essa vida oculta que purifica e ilumina as almas é a que lhes confere o belo título de mártires da fé.
A vida do espírito é vida de martírio, isto é, vida de cruz, por meio da prática das virtudes.
A fé rasga o véu dos mistérios, e a ala que possui tal virtude, sente e, às vezes, como que vê Minha presença real na Eucaristia. Esse é o mistério
da fé por excelência, o mistério do amor. A alma pura vê-se arrastada por esse mistério da fé, e, se não contempla nele o esplendor de Deus cara a cara, pelo menos o vislumbra. Seu mesmo ardor a consome e com a forca da fé é invadida pela grandeza da Eucaristia, compreendendo com luz sobrenatural algo do amor de Deus.