Mês de São José – Dia 17

DÉCIMO SÉTIMO DIA
MEDITAÇÃO SÃO JOSÉ
17 DE MARÇO

MÊS DE SÃO JOSÉ

Invocação ao Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos
fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
OREMOS
Ó Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santos, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre de suas consolações. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Com humildade e respeito aqui nos reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto, esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo castíssimo de Maria, vossa divina Mãe a José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a José como o amastes na terra e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores, nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Pai Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto este devoto exercício que em vosso louvor alegremente começamos. Amém.

MEDITAÇÃO
DÉCIMO SÉTIMO DIA

  • A morte de José*
    Vejo o interior de uma oficina de carpinteiro. Jesus está com uma veste cor de avelã escura, e sua túnica é um tanto curta, com as mangas arregaçadas acima dos cotovelos e com uma espécie de avental na frente, no qual Ele limpa os dedos, depois de ter tocado na panelinha.
    Ele está sozinho. Trabalha continuamente, mas com calma. Nenhum movimento
    desordenado, impaciente. É exato e incessante em seu trabalho. Não se
    aborrece com nada, nem com um nó na madeira que não se deixa aplainar, nem
    com uma chave de parafusos (assim ma parece), que lhe cai duas vezes do
    banco, nem com a fumaça espalhada, que lhe deve incomodar os olhos.
    Enquanto está ocupado em fabricar alguma coisa, que me parece as partes de
    uma roda, a Mamãe entra. Chama com aflição o Filho, e se apóia com ambas as mãos em um dos seus braços, com gestos de súplica e de dor. Jesus a acaricia passando-lhe o braço sobre o ombro, e a conforta. Depois sai com Ela, deixando logo o trabalho e tirando o avental.
    As palavras ditas por Maria foram bem poucas: ” Oh! Jesus! Vem, vem. Ele
    está mal!”. Estas palavras são ditas com lábios que tremem, e com o brilho
    do pranto nos olhos avermelhados e cansados. Jesus só diz: “Mãe!”. Mas está
    tudo nesta palavra.
    Entram no quarto ao lado, todo cheio da luz do sol, que entra por uma porta
    escancarada, que dá para um pequeno jardim cheio de luz e de verde, no qual
    voam pombos entre a agitação, causada pelo vento, de umas roupas que estão
    estendidas para secar. O quarto é pobre, mas arrumado. Há uma enxerga,
    coberta com pequenos colchões. Sobre ela, apoiado em muitos travesseiros, está José. Está morrendo. Di-lo claramente o rosto lívido, o olhar apagado, o peito ofegante e a imobilidade do corpo todo.
    Maria se coloca à sua esquerda, pega-lhe a mão enrugada e lívida nas unhas,
    a fricciona, a acaricia, a beija, enxuga-lhe com um lenço o suor, que faz
    riscos que brilham nas têmporas encavadas, a lágrima, que pára no canto do
    olho, e lhe banha os lábios com um pano de linho molhado em um líquido que
    parece vinho branco.
    Jesus se põe à direita. Soergue com agilidade e cuidado o corpo, que se
    deixa cair e o endireita sobre os travesseiros, que ajeita com Maria.
    Acaricia sobre a fronte o agonizante, e procura reanimá-lo.
    Maria chora baixinho, sem fazer barulho, mas chora. Grandes lágrimas rolam
    ao longo das faces pálidas.
    José volta a si por algum tempo, olha fixamente Jesus, dar-lhe a mão como
    querendo dizer-lhe alguma coisa, e para ter, ao contato Divino, força na
    última provação. Jesus se inclina sobre aquela mão, e a beija. José sorri.
    Depois, ele se vira, para procurar com o olhar a Maria, e sorri também para
    Ela. Maria se ajoelha junto à cama, procurando sorrir. Mas, não se saiu bem,
    e curva a cabeça. José lhe coloca a mão sobre a cabeça, com uma casta
    carícia, que parece uma bênção.
    Não se houve mais nada, a não ser o esvoaçar e o arrulhar dos pombos, o
    roçar das folhas, o barulho da água e, no quarto, a respiração do moribundo.
    Jesus anda ao redor do leito, pega um banco e faz Maria sentar-se,
    dizendo-lhe somente: “Mamãe”. Depois volta ao seu lugar e pega de novo nas
    suas e mãos de José. É uma cena tão real, que eu choro com dó de Maria.
    Depois Jesus, curvando-se sobre o moribundo, em voz baixa recita um salmo.
    Começa assim:
    “Protege-me, ó Senhor, porque em Ti pus a minha esperança.
    Em favor dos Santos, que estão na terra, ele cumpriu admiravelmente todos
    os seus desejos.
    Bendirei ao Senhor que me dá conselhos .
    Tenho sempre o Senhor diante de mim. Ele está à minha direita, para que eu
    não vacile.
    Por isso se alegra o meu coração, e exulta a minha língua, e também meu
    corpo repousará na esperança.
    Porque Tu não abandonarás a minha alma na mansão dos mortos, nem permitirás
    que o teu santo veja a corrupção.
    Far-me-ás conhecer os caminhos da vida, cumular-me-ás de alegria com a tua
    face”.
    José se reanima todo e, com um olhar mais vivo, sorri para Jesus e lhe
    aperta os dedos.
    Jesus responde com um sorriso ao sorriso e com uma carícia ao aperto da
    mão, e continua docemente, curvado sobre o seu pai putativo:
    “Quão amáveis são os teus tabernáculos, ó Senhor. Minha alma se consome de
    desejo pelos átrios do Senhor. Até o pardal tem uma casa, e a rolinha um
    ninho para os seus filhotes. Eu desejo os teus altares, ó Senhor. Felizes
    aqueles que habitam a tua casa . Feliz o homem que encontra em Ti a sua
    força. Ele tem preparado em seu coração as ascensões do vale de lágrimas ao
    lugar escolhido.
    Ó Senhor, escuta a minha oração .
    Ó Deus, volta o Teu olhar para a face do Teu Cristo”
    José com um soluço, olha para Jesus, e faz sinal de querer falar, como para
    abençoá-lo. Mas não pode. Vê-se que ele está compreendendo, mas já não pode
    falar. Contudo, ele se sente feliz, e olha, animado e confiante para o seu
    Jesus.
    “Oh! Senhor”, continua Jesus. “Tu foste propício à tua terra, livraste Jacó
    da escravidão .
    Mostra-nos, ó Senhor, a Tua misericórdia, e dá-nos o Teu Salvador.
    Quero ouvir o que me diz dentro de mim o Senhor Deus. Certamente Ele falará
    de paz ao seu povo pelos seus santos e por quem a Ele se volta de coração.
    Sim, a Tua salvação está próxima . e a glória habitará sobre a terra . A
    bondade e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. A verdade
    surgiu da terra e a justiça a olhou do céu.
    Sim, o Senhor se mostrará benigno, e a nossa terra dará o seu fruto. A
    justiça caminhará diante Dele, e deixará no caminho os seus rastros”.
    “Tu viste esta hora, ó Pai, e por ela te cansaste tanto. Tu ajudaste esta
    hora a se formar, e o Senhor te dará a recompensa. Eu te digo isto”,
    acrescenta Jesus, enxugando uma lágrima de alegria, que desce lentamente
    pela face de José.
    Depois continua: “Oh Senhor, lembra-te de David, e de toda a sua mansidão.
    Como ele jurou ao Senhor: não entrarei em minha casa, não me deitarei, não
    darei sonho aos meus olhos, nem repouso às minhas têmporas, enquanto eu não
    encontrar um lugar para o Senhor, uma morada para o Deus de Jacó .
    Lembra-te, ó Senhor, e vem ao Teu repouso, Tu e a Arca da Tua Santidade
    (Maria compreende, e tem uma explosão de pranto).
    Sejam revestidos de justiça os teus sacerdotes, e façam festa os teus
    santos.
    Pelo amor de David, teu servo, não nos negues o rosto do Teu Cristo.
    O Senhor prometeu a David com juramento, e cumprirá: “Porei sobre o trono o
    fruto do teu seio”.
    O Senhor escolheu a sua morada .
    Eu farei florescer o poder de David, preparando uma tocha acesa para o Meu
    Cristo”.
    Obrigado, meu pai, por Mim e por minha Mãe. Tu foste para Mim um pai justo,
    e o Eterno te colocou como guarda do seu Cristo e da sua Arca. Tu foste a
    tocha acesa por Ele e, para com o Fruto do ventre santo, tiveste entranhas
    de caridade. Vai em paz, ó pai! A Viúva não ficará desamparada. O Senhor
    predispôs que Ela não fique sozinha. Vai tranquilo para o Teu repouso. Eu te
    digo”.
    Maria chora com o rosto curvado sobre as cobertas estendidas sobre o corpo de José, que vai esfriando. Jesus apressa seus confortos, pois a respiração se torna mais difícil, e o olhar se torna anuviado.
    “Feliz o homem que teme o Senhor, e põe nos seus mandamentos todo o seu
    prazer .
    A justiça Dele permanece nos séculos dos séculos.
    Entre os homens retos, surge nas trevas como uma luz, o misericordioso, o
    benigno, o justo .
    O justo será lembrado para sempre . A sua justiça é eterna, o seu poder se
    elevará até à glória”
    “Tu terás esta glória, meu pai. Logo virei buscar-te com os Patriarcas que
    te precederam, para ires à glória que te espera. Que o teu espírito exulte
    com esta minha palavra”.
    “Quem repousa no auxílio do Altíssimo, vive sob a proteção do Deus do
    céu”.
    “Tu já estás nesse lugar, meu pai”.
    “Ele me livrou do laço dos caçadores e das palavras ásperas.
    Ele te cobrirá com as suas asas e debaixo de suas penas encontrarás
    refúgio.
    A sua verdade te defenderá como um escudo, não temerás os espantos noturnos.
    Não se aproximará de ti o mal . porque aos seus anjos Ele deu a ordem de
    guardar-te em todos os seus caminhos.
    Eles te levarão em suas mãos, para que o teu pé não tropece nas pedras.
    Caminharás sobre a áspide e o basilisco, e esmagaras o dragão e o leão.
    Porque esperaste no Senhor, Ele te diz, ó pai, que te libertará e
    protegerá.
    Porque elevaste a Ele a tua voz, Ele te ouvirá, estará contigo na última
    tribulação, te glorificará depois desta vida, fazendo-te ver desde agora a
    sua Salvação”, e fazendo-te entrar na outra, pela salvação que agora te está
    confortando e que logo, oh! Logo virá, te repito, cingir-te com um abraço
    Divino e levar-te Consigo, à frente de todos os Patriarcas, lá para o lugar
    onde está preparada a morada do Justo de Deus, que para Mim foi um pai
    bendito.
    Vai, na Minha frente dizer aos patriarcas que a salvação já está no mundo e
    que o reino dos céus logo será aberto para eles. Vai, pai. A Minha bênção te
    acompanhe”.
    A voz de Jesus se faz mais alta, para chegar até à mente de José, que se
    vai mergulhando nas névoas da morte. O fim é iminente. Ele já respira com
    dificuldade. Maria o acaricia. Jesus se assenta sobre a beira da cama,
    abraça e atrai para Si o agonizante, que exala o último suspiro, sem fazer
    nenhum movimento.
    É uma cena cheia de uma paz solene. Jesus coloca novamente o Patriarca na
    cama e abraça a Maria, que, no fim se aproximou de Jesus na angústia que
    sentia.

Jesus diz:
“A todas as mulheres que estão sendo torturadas por alguma dor, Eu as
ensino a imitar Maria na sua viuvez, unindo-se a Jesus.
Aqueles que pensam que Maria não sofreu as penas do coração, estão errados.
Minha Mãe sofreu. Ficai sabendo disso. Santamente, porque tudo Nela era
santo, mas profundamente.
Aqueles que pensam que Maria amava com um amor tépido ao seu esposo, visto
que ele era um esposo para as coisas espirituais, e não para as carnais,
estão igualmente errados. Maria amava intensamente ao seu José, ao qual
dedicou seis lustros de uma vida de fidelidade. Para Ela José foi pai,
esposo, irmão, amigo e protetor.
Agora, Ela se sentia sozinha, como uma videira à qual foi cortada a árvore
em que se apoiava. Sua casa ficou como que ferida por um raio. Ficou
dividida. Antes era uma unidade na qual os membros se sustinham um ao outro.
Agora, vinha a faltar a parede mestra, sendo este o primeiro dos golpes
desferido naquela Família, sinal de que em breve o seu amado Jesus também a
deixaria.
A vontade do Eterno, que tinha querido que Ela fosse esposa e Mãe, agora
lhe impunha a viuvez e a entrega de seu Filho. Maria diz entre lágrimas, um
dos seus sublimes “sim”. “Sim, Senhor, faça-se em mim segundo a tua
palavra”. E, para ter força naquela hora, Ela se abraça Comigo.
Sempre Maria se abraçou com Deus nas horas mais graves da sua vida. No
templo, quando chamada para as núpcias, em Nazaré, quando chamada para a
Maternidade; ainda em Nazaré, derramando as lágrimas da sua viuvez, em
Nazaré no suplício da separação de seu Filho, no Calvário, em que sofreu a
tortura de Me ver morrer.
Aprendei, vós que chorais. E aprendei, vós que morreis. Aprendei, vós que
viveis para morrer. Procurai merecer as palavras que eu disse a José. Serão
a vossa paz em vossa agonia. Aprendei, vós que morreis, a merecer ter a
Jesus perto de vós, para vosso conforto. E, mesmo se não tiverdes merecido,
ousai chamar-me para perto de vós. Eu virei. Com as mãos cheias de graça e
de conforto, o coração cheio de perdão, e de amor, os lábios cheios de
palavras de absolvição e de encorajamento.
A morte perde toda a sua aspereza, se ela for entre os meus braços. Crede
nisso. Eu não posso abolir a morte, mas posso torná-la suave para quem morre
confiando em Mim.
O Cristo disse para todos vós, em sua cruz: “Pai, a Ti entrego o meu
espírito”. Ele o disse, pensando na sua e nas vossas agonias, nos vossos
terrores, nos vossos erros, nos vossos temores, nos vossos desejos de
perdão. Ele o disse com o coração dilacerado, antes mesmo de o ser pelo
golpe da lança, uma dilaceração mais espiritual do que física, para que as
agonias daqueles, que morrem pensando Nele, fossem amenizadas pelo Senhor e
o espírito deles passa-se da morte para a Vida, da dor para o júbilo eterno.
Esta é a lição de hoje. Sê boa, e não temas. A minha paz refluirá em ti
sempre, através da palavra e através da contemplação. Vem. Faz de conta que
és José, que tem por travesseiro o peito de Jesus, e que tem Maria como
enfermeira, e repousa entre nós, como um menino em seu berço”.

ORAÇÃO FINAL
Deus, que por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito Santo. Amém.

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