Vícios Opostos às Virtudes de Ordem
Imprecaução
A imprecaução é filha da imprudência e se aloja em almas frivolas, vase levianas. É companheira da improvisação. As duas fazem uma parelha digna de ser contemplada pelos danos e males que se espalham em seu rastro.
A imprecaução traz consigo mil decepções, contratempos e graves consequências que deixa para trás, semeando discórdia nos corações. Em muitos casos, altera a paz. Dela se vale o demônio para provocar ira, cólera e outros vícios. Mas, quando nao pode conseguir isso, conforma-se ao menos em entreter as almas e fazer com que percam o recolhimento e a serenidade. A imprecaução é uma fina rede com que Satanás envolve não só a alma que a carrega, mas também muitas outras. Com sua astúcia, Satanás faz com que, daquilo que parece uma pequena falta, se originem grandes tragédias e se despertem paixões avassaladoras. Não existe vício que se possa chamar pequeno. Por isso, no mundo espiritual, existem tantos enganos. Os vícios, como as virtudes, têm entre si uma tal atração e um tal encadeamento, que a alma desgraçada que se entrega a um vício leva consigo, em maior ou menor escala, muitos outros vícios a ele ligados.
A tradução dos vícios se concretiza numa palavra apenas: desordem. A desordem leva em seu seio um caos insondável do qual o homem tem apenas uma vaga ideia. Na desordem resumem-se todos os vícios.
Mas as virtudes são o reflexo da própria ordem que sou Eu. Por isso, tem entre si tal harmonia e consonância, que ninguém pode destruí-la.
O remédio contra a imprecaução é a previsão reta e ordenada. O repouso e a maturidade são também poderosíssimos auxiliares contra a imprecaução.
A ordem é a destruição capital de todos os vícios.