Mês de São José – Dia 04

QUARTO DIA – MEDITAÇÃO SÃO JOSÉ
04 de Março

MÊS DE SÃO JOSÉ

Invocação ao Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos
fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
OREMOS
Ó Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santos, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre de suas consolações. Por Cristo, Senhor Nosso. Amém.

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Com humildade e respeito aqui nos reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto, esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo castíssimo de Maria, vossa divina Mãe a José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a José como o amastes na terra e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores, nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Pai Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto este devoto exercício que em vosso louvor alegremente começamos. Amém.

MEDITAÇÃO
QUARTO DIA

Maria anuncia a José a maternidade de Isabel e confia a Deus a tarefa de justificar a sua.

Ouve-se bater à porta. Maria se levanta e abre. José entra. Saúdam-se. José se assenta sobre um banco, em frente a Maria, do outro lado da mesa. José é um belo homem, na plenitude dos seus trinta e cinco anos, quando muito. Seus cabelos castanho-escuros, e também sua barba da mesma cor, emolduram o seu rosto bastante regular, com dois doces olhos de um castanho quase preto. Ele tem a fronte espaçosa e lisa, nariz fino levemente aquilino, faces um tanto arredondadas, de cor morena não oliváceas, mas um pouco rosadas no centro. Ele não é muito alto. Mas é robusto e bem feito de corpo. Antes de sentar-se, tirou o manto que é uma peça inteira, presa à altura da garganta por um alfinete, ou coisa semelhante, e tem um capuz. É de cor marrom clara, e parece ser de tecido impermeável, lã não trabalhada. Parece um daqueles mantos dos montanheses, próprio para chuva. Mas, antes mesmo de sentar-se, ele oferece a Maria dois ovos e um cacho de uvas, um pouco murchas, mas ainda bem conservadas. Ele sorri, dizendo:
Trouxeram-me estas uvas de Caná. O centurião me deu os ovos, por um trabalho que eu fiz em seu carro. O carro estava com uma roda quebrada, e o carpinteiro dele está doente. Os ovos são frescos. Foram apanhados no ninho. Toma-os. Eles te farão bem… José come com gosto o seu pão com queijo e bebe o leite, que ainda está morno. Depois aceita uma maçã. E termina a ceia. Maria pega o seu bordado, depois de ter tirado as louças da mesa, e José a ajuda na cozinha, mesmo quando ela torna a sair.
Estou ouvindo como ele se move, indo colocar cada coisa em seu lugar. Depois, atiça de novo o fogo, porque a noite vai ser fria. Quando volta, Maria lhe agradece. Conversam um com o outro. José conta como passou aquele dia. Fala de seus pequenos sobrinhos. Interessa-se pelos trabalhos de Maria e por suas flores. Promete trazer-lhe umas flores muito bonitas que o centurião lhe prometeu.
-São flores que nós não temos por aqui. Trouxeram-lhe de Roma. Ele me prometeu mudas. E, quando a lua for boa, eu as plantarei para ti. Elas têm belas cores e um cheiro muito agradável. Eu as vi no verão passado, pois florescem no verão. Vão te perfumar toda a casa. Depois, quando a lua for boa, podarei as plantas. Logo é tempo para isso. Maria sorri, e agradece. Ficam os dois em silêncio. José olha para a cabeça loira de Maria, que está inclinada para o bordado. É um olhar de amor angelical. Pois, certamente, se um anjo amasse uma mulher com amor de esposo, seria assim que a olharia. Maria, como alguém que toma uma decisão, põe sobre os joelhos o bordado, e diz:
José, eu também tenho uma coisa para te dizer: Nunca tenho nada, pois sabes como vivo retirada. Mas hoje tenho para ti uma notícia. Tive notícia de que nossa parenta Isabel, mulher de Zacarias, está para ter um filho…
José arregala os olhos, e diz:
– Naquela idade?
– Naquela idade responde Maria, sorrindo. O Senhor tudo pode. E agora quis dar esta alegria à nossa parenta.
– Como ficaste sabendo disso? É notícia certa?
– Veio até aqui um mensageiro. É um que não pode mentir. Eu gostaria de ir à casa de _Isabel para ajudá-la e dizer-lhe que me congratulo com ela. Se me deres licença…
– Maria, tu és a minha esposa, e eu sou o teu servo. Tudo o que fazes é bem feito. Quando gostarias de ir?
– Quanto antes. Mas ficarei fora alguns meses.
– E eu ficarei contando os dias, à tua espera.Vai tranqüila. Cuidarei da casa e do pomar. Encontrarás na volta as tuas flores tão bonitas, como se tivesses cuidado delas. Só uma coisa…espera. Eu preciso ir, antes da Páscoa, a Jerusalém, comprar alguns objetos para o meu trabalho. Se esperares um ou dois dias, te acompanharei na viagem. Não mais, porque eu preciso voltar logo. Mas, daqui até lá, podemos ir juntos. Eu fico mais tranqüilo, quando sei que não estás sozinha pelas estradas. Para a tua volta, me mandarás notícia, e irei te buscar.
– És tão bom, José. O Senhor te recompense com as suas bênçãos, e mantenha a dor longe de ti. Peço isso sempre a Ele. Os dois castos esposos sorriem angelicalmente um para o outro…

Ensinamento:
“Querida filha, quando, depois de cessar o êxtase, que me havia enchido de inexprimível alegria, voltei ao uso dos sentidos nesta terra, o primeiro pensamento que tive foi José, pensamento pungente como um espinho de roseira, me feria o coração, enfaixado, há alguns instantes, pelas rosas do Divino Amor, meu Esposo._
Eu já o amava, este meu santo e previdente guarda. Desde quando a vontade de Deus, por meio da palavra de seu Sacerdote, me tinha querido desposada a José, eu já pudera conhecer e apreciar a santidade deste justo. Unida a ele eu tinha sentido que cessava aquela minha desorientação de órfã, e já não tinha mais saudade do meu tempo de asilada no Templo. Para mim ele era tão bom, como meu falecido pai. Junto dele eu me sentia segura, como junto ao Sacerdote. Toda minha titubeação havia cessado, e não só cessado, mas fìcado esquecida, de tal modo tranquilizava-me o coração de virgem, ao compreender que já não precisava mais titubear, pois não tinha que temer nada da parte de José. Mais segura do que um menino nos braços da mãe, assim estava a minha virgindade confiada a José.
Mas, e como dizer-lhe que eu era mãe? Eu procurava palavras para dizer-lhe isso, mas era uma tarefa árdua. Eu não queria louvar-me pelo dom de Deus, e não podia, de maneira alguma, justificar a minha maternidade, sem dizer: “O Senhor me amou mais do que todas as mulheres, e de mim, sua serva, me fez sua esposa”.
Enganá-lo, escondendo-lhe o meu estado, eu não queria também. Mas, enquanto estava rezando, o Espírito, do qual eu estava plena, me disse: “Cala-te. Confia a Mim a tarefa de justificar-te perante o esposo”. Quando? Como? Estas coisas não lhe perguntei. Eu sempre me havia confiado a Deus, como uma flor na onda que a transporta. Nunca o Eterno me tinha feito ficar sem sua ajuda. Sua mão sempre me havia sustentado, protegido e guiado, até aqui. E iria fazer tudo isso também agora.
Minha filha, como é bela e confortável a fé em nosso eterno e bom Deus! Ele nos acolhe em seus braços como em um berço, nos leva ao luminoso porto do Bem, como num barco, nos aquece o coração, nos consola, nos nutre, nos dá repouso e alegria, nos dá luz e guia. A confiança em Deus é tudo, pois Deus tudo dá a quem tem confiança Nele. Ele se dá até a Si mesmo.
Naquela tarde levei a minha confiança de criatura à perfeição. Agora, eu o podia fazer, porque Deus estava em mim. Antes, tinha tido a confiança de uma pobre criatura. Sempre um nada, mesmo sendo tão amada, a ponto de ser sem mácula. Mas agora eu tinha uma confiança divina, porque Deus era meu: meu Esposo, meu Filho! Oh! Que alegria! Ser uma com Deus! Não para a minha glória, mas para amá-lo com uma união total e poder dizer-lhe: “Tu, só Tu, que estás em mim, aperfeiçoa com tua divina perfeição tudo o que eu faço”.
Se Ele não me tivesse dito: “Cala-te”, talvez eu até tivesse ousado, com o rosto em terra, dizer a José: “O Espírito penetrou em mim, e em mim está a Semente de Deus”. Ele teria acreditado em mim, porque me estimava e porque, como todos aqueles que não mentem nunca, ele acreditava que os outros também não lhe mentissem. Sim, contanto que eu não lhe causasse nenhuma dor no futuro, eu teria vencido a recusa de dar-me aquele louvor. Mas obedeci à ordem divina. Durante muitos meses, a partir daquele momento, senti a primeira ferida em meu coração. Foi a primeira dor, na minha condição de co-redentora. Eu a ofereci e sofri para reparar e para dar-vos uma norma de vida nos momentos de sofrimento, quando há necessidade de silêncio em relação a algum acontecimento que vos dê aparência de culpados, aos olhos de quem vos ama. Deixai a Deus a guarda do vosso bom nome e dos vossos interesses afetivos. Merecei com uma vida santa a tutela de Deus, e depois, caminhai tranqüilos. Ainda que todo o mundo estiver contra vós, Ele vos defenderá junto a quem vos ama, e fará com que a verdade apareça.

ORAÇÃO FINAL
Deus, que por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito Santo. Amém.

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