Vícios Opostos às Virtudes de Correspondências
Ingratidão
A ingratidão é filha da infidelidade e do orgulho, e é um dos vícios ou males que mais ferem Meu amadíssimo Coração, Sem dúvida, o mundo espiritual encontra-se cheio de ingratidão.
A ingratidão é um mostro que se hospeda no coração do homem, engendra vícios e pecados, e é a própria essência satânica inoculada nas almas infiéis. Em sua maior parte, Satanás se compõe de soberba e ingratidão, e escraviza as almas, inoculando nelas seu veneno.
A ingratidão é a definição mesma do pecado e a perdição do gênero humano. Para expiar a ingratidão fui obrigado a descer do céu a terra e a morrer vergonhosamente na Cruz, vertendo nela até a última gota do Meu sangue.
A ingratidão desterrou o homem do paraíso, derrubou o anjo do seu trono e até hoje existe no coração humano. De certa forma, o sangue do homem- Deus não foi suficiente para extingui-la. Existe – repito – e ainda está muito profundamente enraizada nas almas. Em seu primeiro pecado, o homem herdou-a mesclada a seu próprio ser. O homem é ingrato, muito ingrato, para com Deus e para com seus irmãos.
A ingratidão consiste numa correspondência infame e dolorosa da alma para com o bem; no esquecimento e no desprezo dos benefícios e do próprio benfeitor.
Difícil acreditar como um vício tão odioso e horrível possa habitar em corações cristãos. Certamente é um fato triste. Além disso, é uma semente fecunda que por toda parte germina e frutifica. Não há coisa mais dolorida que a ingratidão, espada afiadíssima que transpassa o coração.
Como cresce em proporção aos benefícios recebidos, a ingratidão para Comigo é quase infinita: sou Eu quem morreu pelo homem, quem lhe perdoou os pecados e quem conquistou o céu para ele. A Redenção é o preço oferecido pela ingratidão humana. Somente Deus poderia pagar esse alto preço, e o fez plenamente.
Depois do Meu sacrifício, a ingratidão das almas continua ainda hoje e com uma gravidade maior que antes. Minhas leis são desprezadas; Meu sangue, pisoteado; Minha doutrina causa vergonha; os respeitos humanos enchem o mundo, mesmo o espiritual; a falsa piedade reina; a sensualidade irradia-se de polo a polo; os altares são abandonados; Minha Igreja e Meus ministros são perseguidos; as comunidades religiosas afundam na sensualidade e na dissipação. Enfim, busco almas onde descansar Meus pés, e não as encontro. Eu lhes dei Minha vida, e, a cada infidelidade, elas Me dão a morte. Eu Me inclino a buscá-las como Bom Pastor, e elas fogem do Meu abraço paternal. Eu as presenteio com a pureza, e elas Me desprezam, atolando-se novamente no imundo lamaçal de suas paixões. Eu lhes dou Minhas gracas, e elas as desprezam com sua infidelidade. Ai, quão grande é a ingratidão humana!
Contudo tempos virão em que Minha misericórdia se cansará. Então farei sentir Minha presença. Levantarei o estandarte da Minha Cruz, e a humanidade tremerá e cairá de joelhos adorando-A. Agora, nestes últimos tempos, é o esforço extremo da graça para salvar o mundo: arderão os corações com o fogo da Minha Cruz, que triunfa sobre a sombria ingratidão dos corações. As virtudes vêm matar a ingratidão juntamente aos vícios. Uma grande força celestial vem hoje manifestar ao homem Minha bondade e sua ingratidão: muitos peitos ficarão feridos por Minhas gracas, muitos joelhos dobrarão no chão adorando-Me, muitas almas chorarão seu pecado e sua ingratidão.
A Cruz, com Meu Coração nela cravado, reparou, no Calvário, a ingratidão humana. Hoje, a Cruz, com Meu Coração, volta a apresentar-Se diante de um mundo infame e a recordar-lhe sua ingratidão. Hoje vem a fecundar o íntimo das almas, dando fim à ingratidão e aos vícios, e fazendo reinar as virtudes.
O remédio contra a ingratidão é a Cruz, com Meu Coração divino cravado nela.
Meu divino Coração despertará as almas mortas e adormecidas pelos vícios e fará com que se arrependam, chorem suas infidelidades e se sacrifiquem em Minha honra. A Cruz, com Meu Coração, fará prodígios: atrairá e arrastará milhões de corações por baixo da Sua sombra bendita; curará as almas tíbias, reavivará o fervor dos espíritos.
Morra Satanás com sua sombria ingratidão e sua perfídia. Reine a Cruz com seu formoso séquito de virtudes, que despertam almas intrépidas a se oferecerem em sacrifício e em reparação das ingratidões humanas. Renascerá o fervor nos corações, cairá o véu que esconde Satanás e seus horríveis e detestáveis vícios, e os espíritos se santificarão. O Espírito Santo terá, então, almas puras em que descansar.
O remédio, portanto, para a ingratidão é o amor divino por meio da Cruz. Quem Me ama, com obras e não só com palavras, não pode ser ingrato, pois o amor sem obras não é amor. E quais são as obras do amor?
A própria crucificação e o sacrifício na prática constante e pura das virtudes. A alma que não vence os vícios não Me ama: a alma que não se abraça e não se apega à prática sólida das virtudes, não Me ama.
Quem ama identifica-se com o Amado: estuda-O e imita-O em si mesmo. Como Eu sou pureza, santidade e dor, o mesmo há de ser o coração ditoso que se entrega ao Meu amor. Como no amor há só uma vontade, a Minha sempre há de ser a que domina e prevalece nas almas puras e amantes que se consagram a Mim.
A fidelidade, a constância e a correspondência, que sempre andam junto ao sacrifício, são o remédio da ingratidão.
Por intermédio delas, alcança-se o amor puríssimo e divino do Espírito Santo. Essas virtudes são irresistíveis para o Espirito Santo: quando as encontra numa alma pura, compraz-se em derramar-se nela com abundancia, incendiando-a com o fogo inextinguível da caridade. Com essa caridade unida à Cruz, a saber, ao sacrifício, expia-se a ingratidão, ama-se e dá-se glória ao Meu Pai eterno. Felizes e mil vezes ditosas são essas almas! Eu mesmo serei sua recompensa.