Tratado Vícios e Virtudes – Virtudes de Correspondência – Correspondência

VIRTUDES DE CORRESPONDÊNCIA

CORRESPONDÊNCIA

A correspondência é filha da docilidade.

Tem como seu ser o amor de Deus. Como seu apoio tem uma profunda humildade; como seu alento e vida, a desconfiança de si. Seu crisol está no domínio de si. Seu círculo é a atividade, e sua missão, a própria perfeição. Numa alma pura, a correspondência nunca cessa; sempre está em vigília, pois o amor nunca dorme nem descansa: seu descanso é nunca descansar.

Essa virtude comporta uma grande perfeição: é o eixo em torno ao qual gira a vida espiritual. Sem correspondência não há vida espiritual, pois o Espirito Santo retira-se de uma alma surda e preguiçosa, que não se mexe, nem corre, nem trabalha, nem se sacrifica, nem corresponde as graças divinas que nela derrama.

A correspondência é irmã da diligência, que sempre carrega consigo. Amolda-se e adapta-se a todas as virtudes, especialmente à obediência espiritual perfeita e à pobreza espiritual perfeita. O ofício da correspondência é receber e devolver. Sempre está recebendo e devolvendo. E, nesse devolver, enriquece-se, porque recebe ainda mais; e, nesse receber, empobrece-se, porque ela se doa com os dons recebidos, ficando pobre, paupérrima em sua riqueza. Quem renunciou a si mesmo e nada possui, tudo possui. A correspondência à graça é formosa e riquíssima de tesouros divinos: é uma escada rumo ao céu, pela qual a alma sobe a Deus sem percebê-lo. É um aqueduto do Espírito Santo para a alma. É princípio, meio e fim da vida espiritual e da santidade.

Sem essa correspondência não há virtude que dure sem dissipar-se. Ela atrai o Espírito Santo, convidando-o a fazer Sua morada na alma que a possui. Ela é quem faz com que o orvalho divino da caridade fertilize o campo de todas as virtudes.

Enfim, é ela uma das virtudes mais amadas do Meu Coração. A vida de Maria não foi outra coisa senão uma constante, amorosa e dolorosa correspondência à graça divina.

A correspondência tem um exército de inimigos. Geralmente quem a expulsa é a soberba. A desconfiança a detém. O respeito humano, a vaidade, a inveja e a preguiça a desviam. Suas principais armadilhas são a desobediência e os juízos temerários.

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