Vícios Opostos às Virtudes de Vencimento
Debilidade
A debilidade descende em grande parte da sensualidade. O homem é débil, porque carrega o germe do pecado; mas a moleza, a delicadeza e a comodidade debilitam-no ainda mais, chegando a quedas tão grandes das quais só Eu conheço a extensão.
Na vida espiritual, a inércia aumenta na alma a debilidade em todas as suas acepções. Mas a Cruz fortalece e revigora a alma, destruindo um vício tão funesto.
Existe debilidade natural e debilidade culposa; debilidade corporal e debilidade espiritual.
A debilidade natural nasce com o homem.
Quando novo, o homem é totalmente inepto e ainda mais incapaz que um animal. Ao se desenvolver, sua razão permanece debilitada e corrompida pela concupiscência que lhe vem do pecado original. É verdade que o batismo apaga esse pecado, mas não apaga a tendência ao mal nem a desordem que o pecado original gerou no mundo. Pelo contrário, concupiscência e desordem crescem com o homem, constituindo um vasto campo de lutas e méritos. Se na vida não houvesse outros inimigos, ainda assim o homem seria seu principal inimigo. Tantos males que o homem sofre em sua vida são fruto da árvore proibida, consequências do primeiro pecado. Sua inclinação inata ao mal representa sua maior desgraça. Para alcançar a vitória, necessita, em todas as idades, em todos os tempos e em todas as condições, empunhar as poderosas armas das virtudes, as únicas que lhe asseguram o triunfo sobre si mesmo. Os vícios causam no homem debilidade física e moral.
Propriamente falando, a simples debilidade não é um vício. Entretanto é vicio, e muito grande e de funestas consequências, a debilidade culposa. Os vícios, pois, é que produzem na alma a debilidade culposa. Essa debilidade enfraquece as forcas do espírito, e o entorpece para as coisas divinas e para a própria santificação. Essa debilidade – repito – procede da sensualidade com toda a corte que a acompanha. Seu remédio consiste em fugir desses agradáveis vícios em que molemente se regozija o coração humano, e em sacrificar-se.
A debilidade é íntima companheira da covardia: uma sempre anda junta com a outra. O sacrifício e a dor fortalecem as almas puras; os melindres e as condescendências as debilitam. A vida do homem sobre a terra deve ser uma vida de luta: uma alma que não luta contra Satanás é sinal claro de que pertence ao seu partido.
Os muitos pretextos do amor-próprio formam o ninho da debilidade culposa. Oh, funesto vício de debilidade que és causa de tantos outros! Eu te abomino, porque em tuas veias corre o sangue maldito da sensualidade. Ao possuir as almas, enche-as de covardia e de amor-próprio, de hipocrisia, soberba e orgulho. Só a Cruz pode dominar a debilidade culposa. A vitória sobre si mesmo e o desprezo de si a destroem. A constância a coroa.
Na vida espiritual, a debilidade tem um vasto campo de ação. Há, nas comunidades religiosas, tantas almas débeis que não avançam no caminho da perfeição, simplesmente porque se deixaram tomar por esse vício. Covardes e débeis para mover guerra contra si mesmas, passam sua vida envoltas numa sensualidade interior, dourando seus atos com o pelouro exterior das falsas virtudes. A debilidade é a rainha das comunidades religiosas de hoje em dia. A mortificação do corpo, quando, submissa à obediência, é resultado do domínio de si e aumenta a força espiritual, pois, à medida que se debilita o corpo, fortalece-se o espírito.
Mas, quando a debilidade física é produzida pelos vícios, então é digna de castigo e reprovação. A debilidade da alma, não aquela debilidade natural que decorre da mancha do pecado original, mas a debilidade culposa, também é digna de castigo e reprovação, e é produzida pela sensualidade, pela preguiça e pelos mimos do amor-próprio e da delicadeza.
Existe também outro tipo de debilidade, que não produz apenas um dano pessoal, mas também um dano para os outros, levando, na maioria das vezes, muitas e mui grandes consequências de todo tipo. A debilidade para com o próximo em pessoas que governam ou dirigem é muito grave, repreensível e merecedora de castigo. Nos que carregam em seus ombros responsabilidades de governo, há debilidades ligadas ao caráter, à sensibilidade e ao respeito humano. Nos diretores espirituais, são muito comuns esses três tipos de debilidades, que acarretam terríveis prejuízos às almas dirigidas. A debilidade de caráter é um grande defeito, que deve ser vencido, a todo custo, com domínio de si, firmeza, energia e integridade. A debilidade produzida pela sensibilidade é mais grave e deve ser curada com um espírito de retidão, justiça, mansidão, prudência e discrição. A debilidade produzida pelo respeito humano e pela covardia é sempre reprovável: não pode ser tolerada num diretor espiritual ou num superior, e é indigna das almas que se dizem Minhas. As que agem assim são merecedoras de grandes castigos: a conta que lhes pedirei será altíssima. Quantas dessas almas há no mundo, sobretudo no mundo espiritual!
Meu Coração está profundamente ofendido pelos milhões de pecados que a debilidade produz. Com esses três tipos de debilidade, falta-se à caridade para com o próximo e às obras espirituais de misericórdia.
A mansidão, que é uma suavidade cheia de energia, põe a debilidade no nível da retidão. Mas a fortaleza que alcança a vitória sobre si mesmo, encontra-se na constante meditação dos deveres cristãos e particulares. Feliz a alma que carrega a sublime virtude da mansidão! Ela saberá cumprir, com a retidão e a integridade necessárias, a missão que Deus lhe reserva, sem perder sua doçura e sua suavidade.