VIRTUDES DE CARIDADE
Conselho
O conselho é filho do zelo e da caridade ao próximo, que, por sua vez, deriva do amor a Deus. Quando o amor a Deus possui uma alma, produz nela a caridade ao próximo e muitas outras virtudes em seu beneficio. O zelo, então, é como se fosse o pai, e a caridade, a mãe. Desse matrimônio santo procedem todas as obras de misericórdia corporais e espirituais, destacando-se em beleza e valor uma mais que a outra, embora todas sejam dignas do Meu apreço e dos prêmios.
Semelhantemente ao perdão, portanto, o conselho, além de ser uma virtude, e uma obra de misericórdia. Os bons conselhos do pérolas divinas que se oferecem ao próximo para seu bem. Os conselhos espirituais não tem preço se brotam de um coração puro e prudente. Repito-o: para que tenham valor e frutifiquem, precisam sair de um coração puro, isto é, limpo, cheio de amor e de sólidas virtudes; e também de um coração prudente, isto é, que não se incline a nada que não seja reto e ordenado. Esses são os dois eixos sobre os quais devem girar os bons conselhos para o bem das almas e a gloria de Deus.
Desses conselhos santos deveriam estar cheios os confessionários e as conversas espirituais, a saber, haveriam de ser conselhos saídos de uma alma pura, prudente,sem presunção ou vaidade, ditos com santa moderação e humildade simples e franca,buscando apenas o bem dos outros. Os Meus ministros deveriam carregar essa santa e fecunda semente. Eles mais que ninguém tem a obrigação, muito sagrada diante de Mim, de espalhar tal semente no coração dos fiéis, em todo tempo e ocasião, de dia e de noite, oportuna e inoportunamente, ainda que com as inseparáveis virtudes da prudência e da pureza de alma, corpo e intenção. Oh! Tomara nessas condições se praticasse essa virtude, que é também uma obra de misericórdia espiritual perfeita! Quantos males sem fim se evitariam! E quantos imensos bens se derramariam neste mundo de almas afundadas pelo desespero, pela luta, pelos vícios, pecados, misérias e circunstâncias especiais e terríveis, que por vezes vivenciam! Ai! continua o Senhor comovido e aflito – quantas e quantas almas se perdem pela falta de um bom conselho! E Meus ministros dormem, deixando o campo das Minhas colheitas a Satanás! É indizível e incompreensível o que se passa no mundo sobre essa lamentável questão, a cada momento e a toda hora. Eu sei como o inferno se enche de almas desgraçadas que não tiveram, por parte dos próprios cristãos, quem lhes desse um bom conselho que talvez as teria salvado do caminho da perdição.
O bom conselho tem como seu inimigo e adversário o mau conselho. Assim como o bom conselho procede do Espírito Santo e faz tanto bem, o mau conselho também causa estragos espantosos na alma. O mau conselho, manifesto e atrevido, é um terrível inimigo que causa muito dano; porém existe outro mau conselho muito mais nocivo, que vem coberto com a capa da hipocrisia e arrasta consigo almas incautas e fúteis. Os inimigos da alma combatidos pelo bom conselho são a presunção, a fatuidade, o amor-próprio e a soberba. Seu único apoio e salvação é a desconfiança de si mesmo, ou seja, uma profunda humildade. O único fim que há de guiá-lo é o bem das almas por puro amor a Deus.