Tratado Vícios e Virtudes – Vícios Opostos à Virtudes de Pureza – Malícia

VÍCIOS OPOSTOS À VIRTUDE DA PUREZA

MALÍCIA

Malícia, maldade ou malignidade é uma inclinação ao mal, mais exatamente a tudo que é contrário à pureza. A malícia é filha predileta da incontinência e tem em suas veias o sangue do vício nefando. É uma praga universal que Eu odeio e detesto tanto quanto sou capaz, quer dizer, infinitamente. Ai, quantos estragos faz no coração, e como, num instante, arrebata-lhe o que há de mais amável para Mim, a saber, o candor, o pudor e a inocência!

Muitas almas podem se livrar dos vícios desenfreados, mas da vil e rasteira malícia muito poucas almas lograrão livrar-se! A malícia mata a alma e, num instante, a torna digna do inferno eterno. A malícia é uma serpente disfarçada que dirige o homem, ficando oculta dentro do seu mesmo ser: às vezes, ela se desenvolve antes dele; e é tão precoce que, por vezes, se encontra madura- ai!- no coração das crianças.

A malícia faz estragos no mundo e leva a milhões de pecados. Infiltra-se nas potências e em cada um dos sentidos, corrompendo tudo o que Eu coloquei neles de reto e de santo, quando criei o homem.

A malícia perverte os sentidos, de puros e dignos de premio que eram, em asquerosos e merecedores de terríveis castigos. A malícia pode mesclar-se – e, de fato, se mescla com uma frequência que só Eu sei e lamento a todo ato da criatura, em qualquer seu movimento interior ou exterior.

A malícia foge da Cruz e foge de Maria. É refratária a toda luz, porque tem sua morada na escuridão sombria do pecado, enquanto que a Cruz é luz, e Maria, com sua claridade, candor e pureza, é a mais pudica e inocente criatura. Em virtude desses títulos, Maria foi escolhida para pisar a vil serpente da malícia infernal.

Entretanto, se essa malícia nasce com o homem e é imanente a seu mesmo ser, em que consistiria a culpa do homem? A culpa vem do pecado, desde o pecado de Adão, pelo qual entrou a malícia no mundo.

Desde então, a humanidade traz em si o germe do pecado, que é o pecado original, com o qual nasce a tendência ou inclinação ao mal. Apartou-se Adão da ordem, e a desordem atingiu sua posteridade. O germe do mal nasce com o homem. Contudo o homem tem a seu dispor todo tipo de graças para combatê-lo: O homem culpado, em vez de fugir do pecado e das ocasiões de pecado, abraça-as livremente, apartando-se de Mim com toda sua inteligência e vontade.

É verdade que o homem tem em si uma carga ou inclinação ao mal, mas, ao mesmo tempo, tem a idéia clara de que existe um ser sobrenatural que castiga o mal e recompensa o bem. Ademais, Eu pus isso como um instinto no coração humano, até mesmo nos selvagens que não têm idéia de religião.

Portanto toda malícia é culpada. Desde o momento que houver malícia no coração, haverá culpa. Falo dessa espécie de malícia contrária à pureza, à qual me refiro nesse tratado.

Há outro tipo de malícia que chega a ser uma qualidade e até uma virtude: defende-nos de muitos males; é companheira da prudência; em muitos casos da vida, é até necessária, sobretudo para os que governam; é acompanhada pela pureza, pela castidade, pela inocência e pelo candor.

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