Tratado Vícios e Virtudes – Vícios Opostos à Virtude de Pureza – Sensualidade

VÍCIOS OPOSTOS À VIRTUDE DA PUREZA

SENSUALIDADE

A sensualidade desenfreada, como uma víbora, tem todas as características de um vício contrário à pureza. Leva à escuridão, à ofuscação, à ira, à gula, à baixeza, à vileza, à falsidade e a todas as paixões mais rasteiras e degradantes.

Essa impetuosa paixão carrega o mesmo fogo infernal que abrasa as almas em sua eterna perdição. Na sensualidade, encontram-se concentrados todos os vícios e suas funestas conseqüências.

Quero a pureza para lutar contra esse vicio terrível e feroz saído do inferno. Por isso Eu peco pureza, pureza. Jesus imaculado pede pureza: quer candor, inocência e pudor. Por isso, tem sido dadas à luz as virtudes, para que o mundo entenda a pureza do coração, pois ninguém se salva sem ela.

A dor desterrará os vícios nefandos que abarcam o mundo. Não há contrapeso para tão graves males no mundo a não ser a Cruz, apenas a Cruz. Que se pregue aos pecadores a Cruz. Esse santo lenho – Eu o prometo – consumirá vossos pecados e vos devolverá arrependidos e humilhados ao Meu Coração.

Os Oásis são o contrapeso da impureza. Ai, parece ser um mui exíguo contrapeso para tão grande mal! No entanto os Oásis crescerão, consolar–Me-ão e dar-Me-ão descanso.

A sensualidade leva em seu sangue a soberba, e dela é inseparável. Esses dois vícios assombrosos são dois grandes expedientes de Satanás para a perdição eterna das almas. Onde há soberba, se já não houver sensualidade, não tardará em havê-la. Onde há sensualidade, também há soberba em muito alto grau. Esses dois vícios nefandos dão-se a mão e respiram o mesmo ar. A alma que foge de um se livra do outro; e, se se entregar a um, logo ver-se-á presa do outro.

Essas paixões desenfreadas e malditas jamais entram num coração humilde e padecente: podem rodeá-lo, mas nunca vencê-lo nem chegar a possuí-lo. A humildade é o para-raios desses vícios horríveis: na humildade se desfaz toda maquinação satânica, como no vento se dispersa a fumaça.

A sensualidade é como que o complemento de quase todos os vícios, abarcando a maior parte deles. É filha de Satanás e traz consigo a indolência, a imodéstia, a preguiça e a gula. Todos esses vícios são como o sangue que corre em suas veias. A sensualidade carrega consigo a avareza, a inveja e a soberba como batidas do seu coração. O vício horrendo é como se fosse seu próprio coração, pois a sensualidade quase não existe sem ele.

Na sensualidade, há um conjunto de vícios e defeitos entre os mais odiosos e malignos. A sensualidade enche o mundo e corrompe as sociedades em todas suas diferentes classes, mas se aloja de preferência nas fileiras mais altas. Faz o seu ninho nos corações soberbos. E, como, desgraçadamente, há corações soberbos em toda condição e situação, ali também se expande o sopro envenenado da sensualidade.

Brotam da sensualidade todos os vícios que acompanham a preguiça, isto é, a ociosidade, o fastio, o cansaço, o desânimo, a delicadeza, a comodidade e a indolência: todos dignos de integrar a coorte dessa rainha que Eu detesto. Quanta sensualidade infesta o mundo infame e o mundo espiritual! Se Eu vos mostrasse os milhões de corações que vivem e morrem envoltos na sensualidade, seríeis tomados de espanto e terror! A sensualidade, com sua força impetuosa, arrasta corações e vontades. Desgraçada a alma que se deixa levar por ela! Se não se deter, perder-se-á sem remédio.

A sensualidade é o vício capital que hoje reina nos corações: sua missão é afastá-los de Deus para perdê-los eternamente. O mundo, o demônio e a carne têm na sensualidade seu império e florescente reinado. No coração em que se encontra a sensualidade, também estão, em maior ou menor grau, conforme o tamanho da sensualidade, o mundo, o vício nefando e Satanás. O inferno está cheio de sensuais.
Todos os sentidos do homem reinam na sensualidade, afugentando totalmente o Espírito Santo, que só descansa em almas puras e fortalecidas pela dor. A sensualidade manifesta-se no uso desenfreado dos sentidos. Ai do homem que, em vez de controlá-los, solta as rédeas, satisfazendo todos seus apetites!Ai desse homem – repito – porque caminha para sua perdição eterna. Os sentidos são as portas por onde o pecado entra e absorve a alma infeliz, que não tem seus acessos cerrados com os cadeados da mortificação e da penitência.

Quando os sentidos dominam o espírito, causam a mais lamentável desordem em que se pode cair, e a alma está em gravíssimo perigo de condenação, porque os apetites desenfreados a cegam e a arrastam, a impelem e a precipitam de pecado em pecado, sem que haja um limite capaz de detê-la em suas quedas. Quando os sentidos não estão sujeitos à razão ou à vontade, são para a alma espadas mortais.

Quando imperam no homem e o escravizam, e as paixões despertadas aumentam em demasia, então a graça há de ser mui poderosa para deter esse rio caudaloso sem rumo, que arrasta a alma para o inferno.

Quando os sentidos não estão sob controle; quando não são usados para o fim santo para o qual foram criados, a saber, para Meu louvor e serviço, para serem crucificados em holocaustos de suavidade e para oferecer-Me o incenso da sua mortificação; mas, ao contrário, despertam, de mil maneiras diferentes, a sensualidade do homem; quando se soltam suas rédeas, sem subjugá-los; então esses sentidos serão – ouvi bem – a ruína das almas. Já o estão sendo! E de quantas almas! Hoje se vive dos sentidos. Horror!

Meu Coração lamenta tão grande desordem! Gritai que, na vida do homem, há de reinar a dor. Que deve ser procurada como o maior dos tesouros. As almas precisam conhecer a Cruz e abraçá-la! É necessário que o espírito, por fim, domine a sensualidade nefanda que invade o mundo material e o espiritual. Detesto infinitamente a sensualidade, que pretere a Cruz e faz brilhar o reinado dos sentidos.

Não, não. Já é tempo de que o mundo desperte, de que as paixões sejam refreadas, de que os sentidos morram ao pecado e me sirvam.

A Cruz proporciona todos esses benefícios. Ela e somente ela é o antídoto, o remédio e a defesa desse mal tão grande e universal. A Cruz, a dor e o sacrifício vêm derrotar essa enorme serpente.

Quero almas que vivam do espírito e não dos sentidos. Quero que a crucificação de si mesmo detenha as águas transbordantes do sensualismo atual. Quero que o Espírito Santo tenha seu reinado nos corações, coisa que não pode realizar-se enquanto os sentidos imperam.

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