VIRTUDES DE PUREZA
Inocência
A inocência é filha da pureza e irmã do candor. Limpeza e claridade representam seu ser. Manifesta-se na singeleza, lhaneza, simplicidade e franqueza.
Doçura e bondade são sua atmosfera. A profunda humildade é seu apoio. Seu desenvolvimento e crescimento total se encontram no sacrifício e na dor. A modéstia é sua fisionomia. A paz é seu assento. A obediência, seu descanso.
Todas as virtudes se juntam em cortejo da inocência.
A inocência arrasta a alma até Deus, e inclina Deus para a alma puríssima que a possui. A inocência não é própria apenas das crianças, que têm-na impressa em seu ser. Não estou falando dessa inocência, embora em parte seja a mesma. Crianças há sem inocência, enquanto há almas, embora poucas, que, mesmo em idade madura, a conservam.
A inocência consiste na limpeza total da alma. A alma pura é inocente. A alma purificada recobra a inocência, mas não é inocente: foi inocente, mas, se alguém recupera algo, é sinal que o perdeu. A inocência não é como uma moeda que, depois de perdida, é retomada exatamente como era antes. Com efeito, a inocência, depois de perdida, é recuperada sempre em grau menor e reduzido.
A inocência que não se perde conserva-se intacta, e é pura, cristalina, santa e perfeita. Essa inocência é um degrau que, geralmente, leva a alma à união divina, a um indissolúvel estreitamento com a própria inocência, com a luz eterna da imaculada pureza. Que formosa é a inocência e como nela se regozija a beatíssima Trindade! Ela é o abrigo escolhido pelo Espírito Santo. Os anjos a acompanham, os santos a admiram, os homens, em geral, não a compreendem, e Eu a amo!
Seus inimigos são muitos! Satanás odeia a inocência tanto quanto lhe permite seu escuro coração, porque a inocência em todo seu esplendor é Maria, que jamais foi maculada ainda que minimamente.
Satanás a ninguém odeia mais que a Maria, cujo pé bendito continuamente o esmaga.
A inocência é terra ideal para formar o jardim das virtudes, em que cresce frondosa a árvore santa da Cruz, A inocência e o sacrifício se unem tão fortemente, que nada é capaz de separá-los. Assim quero que seja o Oásis: inocência e sacrifício, amor e dor, pureza e crucifixão. Na inocência pura ou purificada, quero descansar. A inocência pura certamente é Minha preferida. A inocência preserva-se entre os espinhos, mas corrompe-se entre os prazeres e confortos. Unida à penitência e mortificação, a inocência proporciona-Me verdadeiro descanso. Raramente há inocência e dor. Onde hei de buscá-las, onde mais senão no Meu querido Oásis?