Vícios opostos às Virtudes de Ingenuidade
…Continuação sobre o Fingimento
A alma: Mas como é possível, Senhor?
Jesus: Graças à mais fina hipocrisia. Finge-se a pobreza, a suavidade e a doçura; a serenidade e a paz: nesse campo, desfruta-se o vício odioso do fingimento.
Toda virtude, ou melhor, sua aparência externa, pode revestir-se de fingimento e enganar os homens. Quanta sujeira há no mundo! Que tristeza Me dá a ausência de bons frutos virtuosos! Nos claustros e comunidades religiosas, também penetra a praga do fingimento! Quantas máscaras da melhor hipocrisia Eu poderia arrancar! E o pior é que esse vício apoderar-se a tal ponto das almas, que forma nelas uma espécie de segunda natureza. Assim, chegam a ser fingidas até em seu trato para consigo mesmas! Quanto há disso no mundo! Se se pudesse ver, as almas ficariam espantadas!
Há fingimento na oração mental e na vocal: isso não é orar, já que condição da oração é o esvaziamento da alma. A alma fingida está cheia de si mesma, e de mil vícios e paixões enraizadas que lhe são como que naturais. As orações de uma alma fingida são vãs. Longe de agradar-Me, essas orações Me ofendem. As almas fingidas creem-se santas. À força de fingir, chegam a crer que de fato são virtuosas.
Mas, como é falsa a premissa, falsas também são as conclusões. Nascem, assim, as mil e mil ilusões da vida espiritual.
Desgraçadas as almas que são presa do fingimento! Viverão, neste mundo, uma vida de falsas virtudes, para, depois, despertarem numa realidade terrível, na eternidade!
O fingimento é uma teia sombria em que Satanás envolve a alma, cegando-a e adormecendo-a. Mais que qualquer outro, esse vício induz a alma a iludir-se: seu despertar será espantoso.
Trabalhemos para expulsar de nossas almas o fingimento, que tantos males nos traz e com tantas redes nos envolve! Que as almas peçam a singeleza, a retidão, a claridade e as sólidas virtudes para que o Espírito Santo, com suas copiosas graças, seja derramado nelas!