Tratado Vícios e Virtudes – Vícios opostos às Virtudes de Recolhimento – frivolidade (parte 2)

VÍCIOS OPOSTOS ÀS VIRTUDES DE RECOLHIMENTO

3.Frivolidade (parte 2)

Elas buscam ruído, fogem do recolhimento e do silêncio, onde poderiam apagar sua sede. Pelo contrário, sorrateiramente enganadas por Satanás, correm fascinadas atrás do falso brilho de um mundo infame que as seduz com vãos encantos, para, depois, abandoná-las à dura realidade de um refinado ceticismo, e dali ao inferno eterno!

Desgraçadas das almas frívolas! Se não abrirem seus olhos, se não se libertarem da corrente impetuosa que as arrasta, desaparecerão sem remédio!

O veneno da frivolidade e de muitos outros vícios é a dissipação. Contudo veneno lento, que, a princípio, conserva as almas e, aparentemente, as fortalece e revigora, para depois matá-las sem remédio.

O mundo está cheio de almas frívolas! Qual o remédio da frivolidade? A Cruz. A Cruz é o pulso pelo qual se conhecem as almas frívolas. As que dela fogem e chegam até a odiá-la, carregam mui arraigada dentro delas a frivolidade. Também conhecem-se as almas frívolas por sua maneira de falar, vestir e por todos seus esmeros exteriores.

A frivolidade não passa desapercebida nem aos olhos mais desavisados. Muito gosta a alma frívola da murmuração em todas suas facetas, da sensualidade em todas suas acepções, da mentira, da curiosidade e de uma multidão de vícios semelhantes.

Só cura a frivolidade a reforma integral da alma por meio da mortificação e da prática constante da humilhação e da expiação, unidas ao desprezo de si e ao aborrecimento do mundo. Poucas são as almas frívolas que alcançam a cura. Menos ainda, as que chegam a curar-se totalmente, pois, para isso, seria preciso criá-las de novo. Porém as que tomam a sério as armas das virtudes, as que combatem a si mesmas sem consideração nem piedade, estas triunfarão dos vícios e do mundo, do demônio e da carne, alcançando em sua constância a coroa da vitória. Desse modo, as almas que lutam e vencem, são as que Me dão mais glória.

Entre as comunidades religiosas, também há frivolidade, e frivolidade espiritual, a qual consiste em desejos vagos, aspirações pueris sem fundamento nem fim, anseios de falsa virtude e perfeição aparente. Essas almas, que andam a voar no ar de uma fingida santidade, têm em si uma frivolidade espiritual, com seu inseparável cortejo de vícios.

Nessas comunidades religiosas, Satanás desdobra suas asas a cobrir o extenso campo da frivolidade espiritual. Deste modo, ao praticar-se uma virtude só de fachada, entremeada de soberba e hipocrisia, corrompe-se a verdadeira essência da religião. A frivolidade infiltra-se no que há de mais santo e na própria virtude Quanta virtude vã e frívola ha nas comunidades religiosas! E é mais incurável a frivolidade do claustro que a do mundo, A frivolidade do mundo pode ser rendida por uma reação enérgica e integral da alma. A frivolidade do claustro, mais espiritualmente sofisticada, tem fundas raízes, difíceis de serem arrancadas.

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