Tratado Vícios e Virtudes – Vícios opostos às Virtudes de Recolhimento – Curiosidade

VÍCIOS OPOSTOS ÀS VIRTUDES DE RECOLHIMENTO

1.Curiosidade

A curiosidade é filha de uma imaginação desordenada e sem bom senso.

Tem muitos defeitos da sua mãe. Se seus ímpetos não são contidos a tempo e de forma permanente, vagueia por toda parte.

A curiosidade é um vício muito odioso que, às vezes, traz consequências funestas e prejudica a alma com muitíssimos e grandes males. Quantos tipos diferentes de pecados suscita na alma a curiosidade!

Muitas vezes, por se satisfazer, a curiosidade envenena e causa a morte da alma. Outras vezes, a alma curiosa fere-se gravemente, e se arrepende e chora em razão da sua fraqueza. A curiosidade desperta terríveis paixões. Chega-se a grandes crimes por esse perverso caminho.

Em todo estado, classe ou condição, existe o maldito vício da curiosidade que, toda vez que satisfeito, causa grandes prejuízos à alma.

Consiste o vício da curiosidade num desejo instintivo de Conhecer o que é oculto, sentindo-se a alma poderosamente impelida a desvendar todo tipo de segredo.

Basta que algo, ainda que insignificante, seja oculto, e o desejo se vê compelido e instigado, crescendo conforme a dificuldade para desvendá-lo.

Quantas vezes a curiosidade é desproporcional à pequenez do seu objeto!

A curiosidade anda de braço dado com a irmã inquietude: uma alma curiosa é sempre inquieta e vive desordenadamente.

A imaginação é o combustível da curiosidade: atiça-a e impulsiona-a com todo tipo de tentação.

Eliminando a desordem provocada pela imaginação, enfraquece-se a curiosidade e uma multidão de outros vícios.

Num coração preocupado só com as coisas do céu, que sempre pensa em fazer o bem, que fecha olhos e ouvidos a toda curiosidade sem proveito que pode causar graves males e prejuízos, não cabe a curiosidade mundana ou exterior ou dos sentidos.O domínio de si campeia nesse santo recolhimento.

A curiosidade espiritual tampouco penetra numa alma abandonada à vontade santíssima do seu Amado. Essa alma já não vive para si mesma.Deus, possuindo-a, torna-a Sua, até ela agir e mover-se pelo sopro da vontade divina, campeando, nesse sublime e santo abandono, a grande virtude da indiferença.

A maior e perfeita virtude que há de derrotar a curiosidade interior é a do santo abandono nos braços de Deus.

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