Vícios opostos às Virtudes de Humildade.
11.Cólera
A cólera é filha da ira. Descende da soberba e, portanto, do próprio Satanás.
Traz em suas veias, plenamente desenvolvidas, todas as qualidades da sua mãe. Explode como pólvora em suas manifestações, incendiando-se com o fogo vivo de uma ira espantosa.
A cólera também é cega e precipitada. Em suas expressões de crescente furor, deixa a alma maculada de mil pecados, que, frequentemente, acarretam graves consequências e danos funestos.
A cólera é o espelho em que Satanás se olha. Trata-se de paixão desvairada, precipitada e desordenada.
A obstinação e a confusão sempre a acompanham. Ai da alma infeliz em que a cólera, paixão detestável e desenfreada, faz o seu ninho!
A veemência desse vício violenta todo ato humano, mergulhando-o em graves males, com consequências lamentáveis, de que o homem sempre há de arrepender-se. A cólera é uma paixão perturbadora que enche de ruído e agitação o coração soberbo e orgulhoso em que se hospeda. É uma faísca vulcânica que, em instantes, acende o coração do homem com a espantosa paixão da ira.
Onde reina a cólera não pode existir a paz do Espírito Santo. Ao tomar conta de uma alma, esse vício afugenta toda santa inspiração. A alma colérica é soberba e suja a ponto de não conseguir enxergar Minha imagem divina.
O ouvido da alma do colérico está tão cheio de ruído, que jamais escuta a suavisíssima voz do Espírito Santo. Seu ouvido é surdo às inspirações da graça.
A alma colérica enxerga o mundo que a rodeia com os óculos de uma soberba secreta. Foge-lhe, portanto, a realidade, que se lhe apresenta distorcida e enganosa.
A cólera distorce todos os sentidos. Ai da alma presa em suas rédeas! Cai em desgraça e, se não se emenda, a cólera poderá ser para ela ocasião de perdição eterna!
Oh, Satanás, quantas conquistas fazes com esse maldito vício que obscurece a razão do homem!
A cólera, sem dúvida, como princípio ou causa ativa do coração humano, é uma força boa e de grande proveito. Quando é ordenada, proporciona à alma grandes méritos, no entanto o mal do temperamento ardente do colérico consiste no uso desordenado dessa paixão: em vez de refrear seus ímpetos, solta suas rédeas, deixando-a crescer, desenvolver-se e dominar a sua razão e a sua vontade.
O remédio desse mal consiste no domínio de si. Tanto para a mãe quanto para a filha, a saber, tanto para a ira quanto para a cólera, o antídoto é o sacramento do altar, a recepção contínua daquele Coração que é todo doçura, paciência, mansidão e humildade. Esse é o remédio dos remédios, a fortaleza da alma, o corretivo de todos os vícios, a fonte inesgotável de todo bem, santidade e perfeição. Ali está o fogo eterno das virtudes, o amor maior e a dor mais sublime dos quais provém todo bem para as almas que o buscam com avidez
e persistência. Essa Carne puríssima e imaculada, esse vinho que gera virgens, são a cura e a defesa de todos os vícios.