3. Uma Vida Sob a Luz do Espírito Santo

Fidelidade nas mínimas inspirações

Como deveria apreciar então cada mínima inspiração! É mais preciosa que todo mundo – quer que seja a mínima inspiração de renunciar uma palavra ou um olhar, de fazer bem uma inclinação (na recitação do Ofício) – porque é uma pequena “vocação”, um convite da Santíssima Trindade, e entrar mais dentro na sua intimidade se correspondendo lhe com fidelidade, cresça na graça e no amor.

Toda a nossa perfeição cristã em dizer sempre “Amém” ao Senhor que pede algo por meio da obediência ou das inspirações e depende da nossa fidelidade em seguir a sua conduta.

É preciso evitar toda pequena infidelidade, toda pequena hesitação, não rejeitar nada, como fez Santa Teresa do Menino Jesus desde a idade de três anos e então a luz irá sempre crescendo e o amor tornar-se-á um abismo que não se pode jamais entender. Mas sei que praticamente, com frequência cairei, faltarei – Deus meu! Não seja voluntariamente! – mas mesmo neste caso devo levantar-me, colocar-me de novo sob o influxo do Espírito Santo, com um ato de amor, sem deixar-me perturbar-me, nem desanimar, porque o Espírito é suave: “O quam… suavis est, Domine, Spiritus tuus!”[2] (Sab 12,1) e “onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade” (2Cor 3, 17), alegria e paz no Espírito Santo. A alma por Ele possuída e guiada, está sempre serena, humilde e confiante.

Terei sempre que vigiar e combater contra a minha natureza corrupta e soberba, mas “se vivemos pelo Espírito, procedamos também de acordo com o Espírito” (Gal 5,25); como disse São Paulo aos Gálatas: “Caminhai segundo o Espírito e não satisfareis os desejos da carne… Aqueles que são de Cristo, crucificaram a sua carne com os vícios e as concupiscências” ( 5, 16 e 24). Sei que, infelizmente, sentirei ainda tendências más: “E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8,28). Trata-se de mortificar de desprezar estes modos maus, seguindo a moção oposta, isto é o Espírito Santo, e assim terei ocasião de demonstrar tantas vezes a Deus o meu amor.

Esta fidelidade a seguir os atos da graça, e não os da natureza, assim bem descritos na Imitação: “depende muito das nossas disposições. As mesmas coisas as vezes as acolhemos bem, generosamente e as vezes somos ao invés vis. Depende de nós, mas com frequência a nossa vontade é fraca, as virtudes são insuficientes, certas vezes acontece heroísmo ou luz maior: não se sabe como comportar-se, não se vê onde esteja o mais perfeito, como conciliar duas virtudes, dois deveres que parecem contrastantes, como superar uma prova”, etc.

Eis porque sinto desejo dos dons do Espírito Santo, desta qualidade permanente que nos fazem dóceis às inspirações divinas, de modo a ser movidas divinamente, quase por instinto divino, pelo sentido sobrenatural… e agir de modo divino. São como as velas em relação a barca prontas para serem levadas pelo vento, a levar antes rapidamente, sem esforço dos remos, a própria barca. Quando o Espírito Santo investe em uma alma com os seus dons a leva adiante rapidamente, e quase facilmente na via da santidade: “Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, pois dilataste o meu coração” (Sl 118,32). “O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe é dado do céu”. “Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há variação nem sombra de mudança”, diz São Tiago (1,17). Por isso peço com todo o coração ao Pai de infundir em mim o Espírito Santo com os seus dons, eu peço a Jesus como dom de núpcias e confio de obtê-lo porque Jesus disse: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7,11).

Depois invoco com todo o coração o mesmo Espírito Santo: “Vinde, Doador dos dons … Teus sete dons… vossos sete sagrados dons”.

“Ascendei a vossa luz em nossas almas,

Infundi o vosso amor em nossos corações;

E a fraqueza da nossa carne,

Fortalecei-a com perpétua força”.

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