2. Uma Vida Sob a Luz do Espírito Santo

Uma esposa assume o espírito, o modo, os gostos do Esposo

Ela se conforma inteiramente à sua vontade, se associa à sua obra, se mantém em contínuo contato de amor com o Esposo, não pensa senão nos seus interesses, esquece de si …

Assim devo fazer eu com Jesus, ou ao invés, o fará em mim o Espírito Santo, por isso lhe peço isso: “altissimi donum Dei” (Dom altíssimo de Deus).

O ato inimitável da minha virgem patrona, Santa Apolônia[1] que espontaneamente se lançou nas chamas, na qual consumou seu martírio, posso imitá-lo espiritualmente: lançar-me naquele “fogo divino” que é o Espírito Santo para que complete a minha purificação, destrua o meu miserável “eu” e me transforme em amor.

Nestes Exercícios suplico por isso ao Espírito Santo de sobrevir em mim, dirigir-me no seu beneplácito e tornar-me dócil.

“De manhã em manhã ele me desperta, sim, desperta o meu ouvido para que eu ouça como discípulo” (Is 50,4b). “A minha unção vos instrui em cada coisa (1Jo 2,27). Mas é preciso grande recolhimento e silencio para ouvir esta voz delicada, é necessária muito mortificação para ouvir este toque, é preciso muita submissão para seguir esta moção tênue que convida e não obriga.

Ele sugere discretamente, não violenta: “O Espírito Santo que o Pai enviará no meu nome – diz Jesus no discurso da ultima ceia – ensinará a vós todas as coisas e vos sugerirá tudo” (Jo 14,26).

É toda a Trindade Santíssima que se ocupa desta pobre criaturazinha e é atenta a sua santificação, para transformá-la e levá-la a perfeita união, para fazer uma única coisa com Ela e com os irmãos: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti” (Jo 17,21).

Como é bela a Unidade de Deus e a unidade em Deus! Onde está o Espírito Santo aí está o Pai e o Filho. O Espírito Santo e o Filho dizem isto que diz o Pai: “não falará de si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido” (Jo 16, 13) diz Jesus do Espírito Santo. Mesma a minha palavra não deve ser “minha” devo dizer somente o que o Espírito Santo me sugere.

“Quem me vê, vê o Pai. Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai que permanece em mim, realiza suas obras” (Jo 14,910).

Assim devo fazer também eu as obras do Pai, que o Espírito Santo me sugerir, permanecendo nesta continua dependência de amor que fará alcançar a mais íntima união com Deus.

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