Tratado Vícios e Virtudes – Segunda Família de Virtudes – Humildade

SEGUNDA FAMÍLIA DE VIRTUDES

1.Humildade

A humildade é fundamento de todas as virtudes, seu sal e sua vida. A terra de onde as virtudes brotam, a água que as fecunda, o sol que as faz crescer e reproduzir-se. Sem humildade não pode haver obediência, pobreza ou pureza que não definhem. Nunca confio essas jóias a alma alguma, sem o sólido alicerce da humildade, mãe de toda virtude.
Tem muitos graus a obediência. Não há, contudo,verdadeira obediência sem humildade. Tampouco é efetiva e real a pobreza sem humildade. Muito menos sem humildade espiritual perfeita. Sem a estufa da humildade, que a guarda, debaixo de seus cristais, como a uma planta delicada, a pureza não sobrevive.
A humildade é a vida de todo ato puro, de todo movimento santo da alma.
Sobre ela somente, o Espírito Santo lança as pérolas dos seus dons. Sobre ela
somente, a divina pomba edifica e forma o seu ninho. Só por meio da humildade, trabalha nas almas e não descansa, a elas se comunica constantemente, até possuí-las inteiras. Onde não está a humildade, tampouco Eu estou.
Pobreza e obediência têm cor e aroma parecidos. Perfumam tudo o que tocam. Purificam os atos da criatura até um ponto que só Eu sei. Cheiram a divino. São muito amadas por Meu Coração e deste brotam.
A humildade é filha do Verbo.
Nasceu, por assim dizer, na Encarnação, do seio virginal de Maria.
Desenvolveu-se plenamente durante a vida terrena de Jesus. Maria, mais que todos, recebeu seus frutos inestimáveis. Com a virtude da humildade, vieram a pobreza e a obediência. Nasceu a humildade, e gerou a obediência.
A obediência e a humilhação do Verbo ocorreram num só ato. Ato sublime ordenado à Redenção, que o homem nunca poderá entender ou apreciar em seu justo valor. Pasmo de profunda admiração, ficou o próprio céu, reverente adorando os misteriosos juízos do Onipotente. Em tão grande passo, aplicou-se a Onipotência. No momento sublime em que o Verbo se ofereceu para devolver a glória ao Eterno Pai e salvar o pobre homem, naquele instante, brilharam as virtudes do Verbo feito Carne.
Por isso, as virtudes têm em si a propriedade infusa de salvar as almas.
Nenhum humilde, nenhum obediente se perde. Essas duas virtudes portentosas são divinizadas pelo Meu Coração, sedento de padecer em prol do homem,
a ensinar-lhe o caminho que vai de Belém até o céu. Ali esperava-Me essa virtude, que também Eu divinizei logo ao praticá-la e da qual nunca Me separei
em toda Minha passagem pela terra. Não pôde Meu Coração separar-se dessas três virtudes tão queridas, Tanto as amo, que ainda Me acompanham constantemente nos altares, no sacramento do amor, na Eucaristia! Ali mostro, mais que em qualquer outro lugar, essas virtudes que Me acompanharão até o fim dos tempos, enquanto houver uma alma a ser salva e pela qual sofrer, Humilde,obediente e pobre, encerrado, na Minha imensidade, no menor fragmento de uma hóstia consagrada, assim Eu mostro o maior milagre da Minha onipotência, ao qual Me obrigou o amor, o amor, somente o amor.

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